De Marees, Pieter: As datas de nascimento e morte de Pieter De Marees não são conhecidas. Ele pertencia à casa de Maretz, no sul da Holanda, e foi, provavelmente, um dos muitos emigrantes de Flanders que se instalaram nas cidades do norte, após a declaração de independência da Espanha e Portugal pelas Províncias Unidas do Norte, em 1581. De Marees foi um mercador de profissão. Em 1º de novembro de 1600, embarcou em Texel numa viagem para a costa da África ocidental. Foi passageiro de um dos três navios holandeses que partiram para Cabo Lopez para realizar missões comerciais. Segundo consta na sua obra (Beschryvinghe), as embarcações retornaram a Texel em 20 de março de 1602, e De Marees retornou a Amsterdã no dia seguinte. No mesmo ano, o editor e impressor, estabelecido em Amsterdã, Cornelis Claesz, publicou o diário da viagem, ilustrado com gravuras. Segundo De Marees, o Beschryvinghe foi o resultado de várias viagens à Costa do Ouro, sendo que ele parece ter concentrado suas observações em Cape Coast (Cabo Corso), nos reinos de Fetu e Sabou e em Accra (Iselin, 1994, p. 148). O Beschryvinghe foi o primeiro e mais importante relato de primeira mão sobre a Costa do Ouro, sua população e sociedades, e teve grande influência em obras posteriores. Para mais comentários, ver "detalhes" da sua obra.
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Região/Localidade: Costa do Ouro - Reino de Fetu
Texto Original
Tradução
Além do mais, apesar de serem todos eles robustos e de pouco entendimento, pois não têm escrita ou livros, nem algumas leis notáveis que possam escrever ou deduzir, para com elas se governarem, todavia, após terem trabalhado seis dias na semana e exercido seus ofícios, no sétimo dia repousam e param de trabalhar, como é nosso hábito e do modo como guardamos nosso Domingo: eles o chamam Dio Fetissos, que quer dizer o mesmo que Domingo em nossa língua; mas não o guardam ou observam no dia de nosso Domingo ou no Sábado, como os Judeus, mas o observam na terça-feira, ou segundo dia útil da semana, quais as cerimônias ou leis que os induziram a isso, eu não soube indagar, só que tomam a Terça-feira por seu Domingo, e então não irão pescar no mar para ali pegar um pouco de peixe. As mulheres ou aldeãs não irão ao mercado com seus frutos, mas ficarão em casa com suas mercadorias, os camponeses também não levam nenhum vinho ao mercado, mas o entregam ao Rei aquele tirado nesses dias das árvores[.] À noite, o Rei dá o vinho, de favor, aos seus gentis-homens, que os bebem entre eles, evitando nesse dia fazer comércio entre eles. Porém, os aldeãos da orilha do mar não deixam de ir aos navios comprar mercadorias dos flamengos.
Comentário
Palavras-chaves
Práticas rituais / Calendário
Práticas rituais / Tabus / Outros